06/09/2018
Neste sábado próximo apresento músicas de meu novo cd, OUTROS PLANOS, em pocket show no FEIRÃO DA RESISTÊNCIA (Rua Duque de Caxias, 3241, às 11 horas da manhã) - ao lado de meu querido Emilio Mizão e sua guitarra mágica. Vai ser uma alegria dobrada.
Primeiro, estar ao lado dos trabalhadores Sem Terra e a sua dura luta contra a agricultura suicida é um prazer. Segundo, a emoção de ver em plena atividade este antigo espaço da cultura, a antiga sede da ULES ocupado ano passado pelo |Movimento dos Artistas de Rua. A primeira vez que pisei nesse barracão colorido tinha onze anos, era 1969 e era ali que concentrava o movimento estudantil – nem existia universidade ainda. Meus avôs moravam a duas quadras dali e eu adorava acompanhar meu irmão nos ensaios de peças de teatro, festivais de poesia, festas. Peguei gosto.
E por falar em gosto, foi meu amigo Luciano Bitencourt quem comparou meu novo trabalho, OUTROS PLANOS com um fruto maduro. “No ponto para ser colhido e saboreado” – ele escreveu. “Frutos maduros são raros na dieta da nossa existência. O comum é comê-los verdes, amadurecidos à força, ou passados, sem o viço que deles se esperou um dia”. Ouvindo o disco, parece que Luciano está num pomar. “A faca desce fácil na polpa. Cada pedaço parece ser único. Mas, ao apreciar a fatia, você sabe muito bem de onde veio”.
Ele tá falando da música autoral em meio à repetição sem fim e o sabor insosso da música que domina o mercado – e fazendo um paralelo com as delicias do alimento natural comparadas com o gosto pasteurizado da comida industrial. Para mim, a agricultura familiar e a produção de alimentos naturais estão na base de uma nova agenda política para o Brasil – porque implica na afirmação de uma nova brasilidade e na crítica ao modelo agrícola e econômico perversos.
Que venha a musica.