O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem

15/08/2018

O Ouro Verde é um Grande Bazar pra mim, tem pedaços de minha vida ali. De todos os palcos, foi aqui que vi se materializar o prodígio da arte – vi, confiei e mergulhei no ato criador

Clique nas fotos para ampliar

O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem
O teatro mágico e os Outros Planos. Eu não nasci ontem

Neste 15 de agosto comemoro seis dezenas de voltas ao redor do sol (“num percurso de centenas de milhões de milhas cósmicas”) e o presente que quero compartilhar são essas fotos de Elvira Alegre, a Bela, comparsa a mais de quatro décadas de órbitas. Uma das alegrias desse ano foi o convite do Festival Internacional de Música (Magali, Marco Antônio) para lançar OUTROS PLANOS no palco do Ouro Verde, ao lado de parceiros deuma vida, tocando com músicos que amo e para uma plateia explodindo em emoção, cumplicidade, energia. Foi lindo.

O Ouro Verde é um Grande Bazar pra mim, tem pedaços de minha vida ali. De todos os palcos, foi aqui que vi se materializar o prodígio da arte – vi, confiei e mergulhei no ato criador. Nesse palco, à minha esquerda, Astor Piazzolla fez um de seus últimos concertos no Brasil – achei que era Deus. À direita, vi o corpo quase nu de Kazuo Ono deslizar no espaço e mostrar a história do mundo em gestos – outro deus. 

No fundo do palco, o Ouro Verde ainda cinema, adolescente entendi porque o gênio pode ser alguém tão simples e tão próximo - era Carlitos no seu primeiro encontro com a florista cega ao som de La Violetera. Epifania: Chaplin era deus também – havia mais de um Deus. As luzes do cinema eram as luzes da cidade.

Alguns dos meus heróis deixaram pegadas nesse chão de madeira, diante de mim – eu vi Sergio Sampaio aqui, quase no mesmo lugar onde estou agora. Centenas de amigos, artistas, dezenas de grupos de teatro (do mundo inteiro) em movimento – “trabalhadores da cultura”, dizia a Nitis, amiga adorada. 

Voo cego na memória: eu no colo de minha mãe, as luzes apagando em resistência, a primeira sessão de cinema. Meu pai, minha mãe, o relato de meu nascimento em casa pelas mãos de Marias Japonesa, a alguns quarteirões daqui. Sessenta giros, sessenta lâmpadas, sessenta órbitas. 

“Muitos amigos, alguns bons amores, filhos e netos lindos, textos certeiros, músicas vibrantes” – escreveu meu irmãozinho Ângelo no meu feliz aniversário. Como cheguei até aqui? Como esse teatro mágico se torna berço de um disco novo?
OUTROS PLANOS. Cruzar o canal, ganhar o mar alto – a vida vai à deriva num oceano azul cobalto. Que São José Dormindo me proteja – e me mantenha bem acordado. 

Eu não nasci ontem. 

Nasci hoje.